Delação da JBS confirma que corrupção não é privilégio de um único partido ou governo, diz cientista político
Além de abalar o cenário político do país, as supostas delações dos donos da JBS podem ensinar uma lição aos brasileiros: a corrupção está em todos os governos e em todos os partidos, diz o cientista político e professor da FGV-SP Cláudio Couto.
“O problema é sistêmico. Ele está relacionado a como se estrutura o jogo político no Brasil e a como funcionaram as instituições nas últimas décadas, desde a redemocratização.”
Segundo noticiado pelo jornal O Globo nesta quarta-feira, o empresário Joesley Batista teria dito à Procuradoria Geral da República que o presidente Michel Temer teria dado aval a uma suposta operação de compra de silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-ministro Guido Mantega também são citados.
De acordo com a reportagem, Joesley, seu irmão Wesley e outras cinco pessoas do grupo negociaram uma delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. Eles teriam entregado aos investigadores a gravação de uma conversa entre Joesley e Temer, na qual o empresário diria que estava dando a Cunha uma mesada na prisão para que ele ficasse calado.
Diante dos desdobramentos imediatos da denúncia, que inflamou uma discussão sobre a saída do presidente, Cláudio Couto diz que uma renúncia é mais provável do que um impeachment neste momento. Para o professor, se comprovado o teor das delações, o governo se tornou insustentável, assim como sua agenda de reformas.
Em nota enviada à imprensa após a divulgação da notícia, o Palácio do Planalto disse que o presidente Michel Temer “jamais solicitou pagamento para obter o silêncio” do ex-presidente da Câmara dos Deputados, nem “participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”.
Fonte: BBC Brasil – Disponível em http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39959651 em 18/05/2017 às 10:18